domingo, 18 de dezembro de 2011

Luto pelos nossos filhos!

(texto publicado em 14 de julho de 2007)
(meu ponto de vista ainda não mudou)




Eu não conhecia João Helio Fernandes.

Sua família e conhecidos são estranhos para mim, mas, também, chorei por ele. Fiquei horrorizado com a selvageria que aqueles seres desafortunados, alguns menores de idade, foram capazes de fazer com esta criança.

É impossível dizer que não sabiam quais seriam as conseqüências de seus atos e me refiro, não apenas ao brutal assassinato,  mas, também, à atitude de armarem-se, à atitude de atacarem outros seres humanos e, também, à atitude de tomarem através da força bruta bens de outrem.

Toda esta tragédia, seguida por tantas outras que viraram notícia nos jornais ou não, estas últimas, talvez, ainda mais penosas, pois ninguém foi até a casa destes para consolá-los, perguntá-los sobre a sua decepção com a sociedade, com o governo ou o que acharam da derrota do Brasil na copa de 2006!

Eu acredito que esta deve ser a maior decepção com o mundo em que vivemos atualmente: a nossa IGNORÂNCIA em relação às tragédias que ocorrem em lares vizinhos aos nossos, os assassinatos "invisíveis" que ocorrem nos bairros "perigosos" de nossas cidades, apesar do fato destes bairros estarem cada vez mais próximos de nossa casa.

Nesta sociedade onde cada um olha cada vez mais para o próprio umbigo, onde a "farinha" é sempre pouca, fomos deixando de olhar para nossas vizinhanças achando e que o cancêr da miséria e da violência ainda estivesse longe e, agora, somos "pegos de surpresa". Muitos cobram atitudes do Governo, mas tenha certeza povo brasileiro, vivemos sim numa democracia, sob um governo que é do povo e que reflete a imagem do próprio povo! Quando dizemos que o Governo não liga pra nós, que o Governo não quer saber da educação, que o Governo não liga pra nossa insegurança, nós estamos apontando para o reflexo do que nós fazemos em nossas próprias casas.



Nos perguntamos no que dá na cabeça de alguém para que este resolva arrastar um garoto por quilômetros preso pelos pés a um cinto de segurança: "Que força ou entidade maligna teria dito para estes rapazes fazerem o que fizeram?", "Quem disse que eles podiam fazer isto e sairem impunes?", "Quem disse que eles poderiam fazer isto?"...
Eu pergunto: QUEM DISSE QUE NÃO PODERIAM?


Será que a sociedade ensinou a estes rapazes que não se faz uma coisa destes a criatura alguma? Será que a sociedade deu motivos para que estes rapazes a respeitasse? Será que fomos capazes de ignorar estes rapazes enquanto ainda eram crianças? Será que estamos ensinando aos nossos filhos o que é o certo, não só com palavras, mas com o exemplo? Será que seremos capazes de ver nossos filhos atrás das grades e sobrevivermos a um horror como estes? Será mesmo que nossos filhos são responsabilidade nossa e só nossa?


Os filhos dos nossos vizinhos que passam fome em casa, os filhos dos nossos vizinhos que veêm os pais sem saber como pagar as contas atrasados a três meses ou mais, os filhos dos nossos vizinhos que passam o dia inteiro nas ruas e temem o momento de voltar pra casa com medo do pai-bêbado e da mãe-aterrorizada ao ponto de não saber se defender e as suas crias, os filhos dos nossos vizinhos que sentem a falta de uma mãe e/ou um pai em seus lares, os filhos dos nossos vizinhos que acordam pela manhã e voltam a dormir na noite sem, ao menos, ver o pai ou a mãe que se desdobra em 3 ou 4 empregos diferentes para por comida em casas, os filhos dos nossos vizinhos que não sabem o que é Natal mas veêm nossos filhos brincando com suas bicicletas novas e os nossos próprios filhos...

Não, não está errado dar brinquedos a nossos filhos, dar-lhes roupas novas, pagar escola particular ou passear em carros importados. Errado é ignorarmos os nossos vizinhos e seus filhos e não fazermos nada para ajudá-los!



Sim, o Brasil inteiro deve ficar de luto, mas luto pelos nossos próprios filhos que hoje, dia 14 de Fevereiro de 2007, dia em que nós mesmos estaríamos condenando-os a serem vistos como marginais em potencial, serem expostos a sociedade como cânceres, passíveis de linchamento ou de serem julgados da mesma maneira que os chefes de quadrilha ou governantes tiranos de países destruídos pela guerra e pela fome.


Estaríamos sim, jogando nossos filhos que roubam pães na padaria pra dividir com os companheiros de semáforo na mesma jaula dos leões que raptam, roubam e matam gerentes de bancos e dos monstros que traficam drogas e matam seus clientes, ou devido a uma dívida não paga ou devido a falência de seus órgãos sujeitados às substâncias danosas.
 
Não é esta a solução e acho que consegui apontar alguns de nossos erros. Devemos buscar outra solução ou, mesmo, soluções.
 
Eu penso nisto e acho que todos deveriam pensar, mas enquanto estivermos sob esta ameaça, permaneço de luto pelos nossos filhos, justamente, porque LUTO PELOS NOSSOS FILHOS. Lute você também, mostre ao mundo que a sociedade brasileira não se deixou vencer desistindo de seus filhos.
 
 
por PEDRO GABRIEL PEREIRA DE OLIVEIRA, UM BRASILEIRO QUE TAMBÉM ACORDOU TARDE MAS SABE QUE AINDA A SOLUÇÃO PARA O MUNDO, BASTA UMA MUDANÇA DE CULTURA.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

(Des)Humano

 (tenho hora que eu acho que era melhor ser surdo!)

Ontem, estava na rua quando passou, na TV, uma notícia sobre os terríveis experimentos que os EUA realizaram na Guatemala. Daí uma moça que estava próxima disse, antes que a reporter terminasse de dar a notícia:

"Não estou nem aí... se for com gente eu não ligo. Só tenho pena de bichinhos."

Daí, a reporter concluiu, dizendo que as cobaias eram doentes mentais. E a pessoa "corrigiu":

"Ah, não... aí não pode. Tadinhos! Doentes mentais são muito indefesos."

Quase vomitei ao perceber que os outros que estavam em volta concordavam sem se dar conta de que ela havia colocado doentes mentais e animais no mesmo nível, merecedores de mais respeito do que outros seres humanos. Pode até parecer bonito, mas não é isto que eu entendo por igualdade e respeito pelos seres vivos.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que é Consciência?

(shiva, o criador mitológico do Yôga)


NA MINHA OPINIÃO, o simples fato de alguém se dizer "budista" significa que ele não entendeu o que Buda queria dizer. A mesma coisa se aplica a quem se diz "cristão".

Sobre conjecturar sobre o que é "consciência", basta pegar um dicionário Michaelis e consultá-lo. Já, discutir, "Consciência" (com "c" maiúsculo), seria outra história,  mas utilizar as palavras, que são produto do intelecto, portanto, produto de um meio rude para compreensão da Consciência, é a mesma coisa que discutir sobre futebol ou política - trata-se de mera opinião (doxa).

O maior erro de todos é julgar que Consciência ("cósmica") e consciência ("individual") sejam coisas desconexas, que não têm ligação. Este é o erro da maioria dos ocidentais, principalmente dos que já estiveram inseridos na cultura cristã, muito influenciada por Aristóteles e por Santo Agostinho, grandes filósofos que separaram "Homem" (individual) e "Deus" (cósmico).

Não há divisão ou separação do "Cósmico". Não há como regredir, nem transcendê-lo.

Sua "consciência", não é (estritamente) sua personalidade. É isto e MUITO mais.

A cada dia que passa e quanto mais eu estudo mais me convenço de que a melhor maneira de atingir a compreensão deste conceito é a prática do SwáSthya Yôga devido à suas ligações diretas ao Sámkhya (filosofia especulativa) e o Tantra (filosofia comportamental).

O Budismo professado pelo Dalai Lama é tântrico, mas este não é o budismo mais "autêntico", isto é, o que mais se parece ao budismo original, porém, por ser tântrico, NA MINHA OPINIÃO, é o que tem mais afinidade com minha idéias - mas isto, de maneira alguma, torna-me "budista".

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Salvar ou não salvar uma vida?



(questão levantada no blog do Instrutor do Método DeRose, Marco Carvalho, em 9 de janeiro de 2011.)

Ontem no meu banheiro um pequeno bezouro marrom estava sendo atacado por milhares de formigas. Ele se contorcia, fugia, tentava se salvar, mas pelo visto o veneno das picatas estava fazendo efeito. Ele corria e logo se contorcia, parecia sentir muita dor, ou o veneno das picadas estava atrapalhando sua coordenação motora.

A princípio não iria interferir, mas assim que virei as costas pensei:

- Ahimsa, aquele que não defende um inocente, podendo defender, acumplicia-se do ato.

“Ok”, pensei comigo. Peguei um cotonete e coloquei próximo as patas do besouro que a esta altura já estava de costas ao chão. Coloquei-o próximo a janela e ele ficou parado sobre o cotonete. Hoje fui ao banheiro e encontrei-o mumificado preso a teias de alguma aranha que deve estar satisfeita com sua refeição.

As perguntas:

1. Adiantou salvá-lo das formigas?
2. Era a hora do besouro?
3. Quando é a hora de ajudar?
4. Quando é a hora de deixar acontecer?

Para a primeira eu acredito que sim, pois eu podia salva-lo. Já da aranha eu não podia, pois não estava presente, se estivesse salvaria. Assim como salvaria um gato sendo atacado por um cachorro. Ou um cachorro sendo atacado por um “cerumano” (os da espécie homo-imbecilis). Ou tentaria salvaria aquele que amo de algum infortúnio.

Se nossa mãe estiver em perigo eminente, quando próximos não mediremos esforços para ajudar, mas se estivermos longe não poderiamos… logo, acredito que fiz o que deveria ter feito em relação ao besouro.

Já as outras perguntas eu deixo você responder de acordo com suas crenças…


(minha resposta)

Já que a proposta é uma espécie de discussão aberta, vou me arriscar atrevendo-me a expandí-la.

Há vários aspectos que devem ser analisados, mas comecemos pela evolução natural das espécies.

Tanto a evolução das espécies quanto o equilíbrio ambiental são dependentes diretos da cadeia alimentar.

Por exemplo, se resolvessemos salvar todos os mosquitos evitando que eles sejam comidos pelos sapos de uma determinadalagoa, intervindo na cadeia alimentar deste sistema, acabaríamos extinguindo os sapos, que morreriam de fome e tendo uma super-população de mosquitos, que poderiam procriar tranquilamente sem seus predadores naturais. Isto seria desastroso.

Utilizando este mesmo cenário, se nos abstermos de intervir no equilíbrio ambiental, possibilitaremos que tanto os sapos quanto os mosquitos sobrevivam e evoluam. Mas, evoluir? Como?

A cadeia alimentar ajuda nesta evolução eliminando os mosquitos mais fracos e lentos pois estes seriam presas fáceis para os sapos - somente os mosquitos mais "espertos" procriariam mantendo uma linhagem genética "melhor". O mesmo ocorreria com seus predadores, os sapos, pois somente os mais rápidos conseguiriam capturar mosquitos suficientes para sua sobrevivência.

Ok. Esta seria uma análise darwiniana que, apesar de parecer óbvia, religiosos discordariam e tem outro aspecto "negativo": é muito utilizada para justificar o neoliberalismo e a "lei do mais forte" no mercado, defendendo que o Estado não deveria intervir neste "equilíbrio natural" defendido por Adam Smith. Ao meu ver, este equilíbrio mercadológico onde quem tem mais devora quem tem menos deveria ser chamado "equilíbrio selvagem" para combinar com o capitalismo que, não por acaso, também é denominado "selvagem".

Dando continuidade ao raciocínio e voltando para questão levantada, observemos a evolução da própria espécie humana.

O Homo Sapiens Neanderthalensis, conhecido como Neanderthal devido as suas características genéticas não conseguiu adaptar-se e sobreviver à competição com o Homo Sapiens Sapiens, nosso atual estágio evolutivo segundo os historiadores naturais.

Todas as espécies tem por instinto mais primitivo a sua preservação e sobrevivência. Depois da "ascenção" do Homo Sapiens Sapiens não tivemos nenhum outro "competidor" na face da Terra e, graças ao nosso polegar opositor e ao lóbulo frontal cerebral desenvolvido, pudemos, nós mesmos, criar nossas "evoluções artificiais".

As ferramentas criadas pelo homem são grandes aliadas na MANUTENÇÃO de nossa espécie.

Por que o destaque na palavra "MANUTENÇÃO"? Para explicá-lo citarei duas invenções humanas importantíssimas: o medicamento e a prótese.

Na natureza, excluindo-se o homem, qualquer ser adoentado está fadado a morrer. Se este não tiver tempo para procriar, acaba ajudando na evolução de sua espécie pois sua linhagem genética suscetível a determinadas doenças é eliminada deixando que apenas os espécimes mais saudáveis procriem.

Fato semelhante ocorre com seres que nascem deficientes. Algumas espécies de animais simplesmente abandonam os filhotes que nascem com dificuldades de locomoção, sem alguma parte do corpo ou mesmo, com partes que não funcionam corretamente. Mais uma vez a espécie "ganha".

O que isto tem a ver com a "manutenção" da espécie humana?

Quando usamos medicamentos para manter vivos espécimes humanos que não tem condições de sobreviver sem o uso deles, acabando permitindo que sua linhagem genética perpetue-se, passando para a próxima geração o "defeito" de ser suscetível a determinadas doenças.

Como exemplo de prótese, utilizarei os óculos, que nada mais são do que olhos postíços. Qualquer animal, excluindo-se o homem, que nasça sem enxergar bem seria incapaz de locomover-se adequadamente e de escapar de predadores. O homem míope que seus óculos, vive tão bem quanto qualquer outro ser e, mais uma vez, tem a oportunidade de manter sua linhagem genética.

Darwin, cientista, diria que medicamentos e próteses seriam uma "infração" a lei da evolução da espécie. Um tipo de trapaça, que, no fim das contas, não permite a EVOLUÇÃO genética de nossa espécie, mas apenas uma MANUTENÇÃO de genes. Alguns religiosos defenderiam o mesmo ponto alterando o argumento, dizendo que o homem estaria se intrometendo nos "desígnios divinos" e neonazistas fariam a festa com o argumento de que uma limpeza genética estaria apenas "seguindo as leis da Natureza".

Até aqui, de tudo que escrevi, nada se parece com uma resposta ou argumento. São apenas proposições. Como todo bom filósofo, prosseguirei neste caminho.

Qual seria o ponto de vista da filosofia em relação a "salvar o besouro ou deixá-lo morrer" (achou que eu já tinha me esquecido do assunto, né?)

Se conhecemos a lei de ação e reação (karma) então temos consciência de que AGINDO OU NÃO-AGINDO estaremos gerando karma, isto é, agindo ou não, todos nós colheremos o resultados das nossas ações (inclusive da ação de não fazer nada).

Apesar não ser hindú, assumo as leis de ação e reação e de livre arbítrio como as únicas coisas absolutas e inquestionáveis no Universo e delas não podemos escapar.

Como não posso evitar o karma em meu atual estágio evolutivo, salvar ou não salvar o besouro ou qualquer outra criatura, daria na mesma. Como os conceitos de "certo" e "errado" estão ligados ao meu próprio julgamento (meu arbítrio), desde que eu esteja consciente e pronto para o resultado que colherei de minhas ações, karma nenhum será negativo.

Então, concluindo e, finalmente, dando a minha resposta, não importa qual será o argumento que você utilizará para justificar suas ações. Se você vai embasá-la na Ciência, na Religião, na Filosofia ou no Horóscopo, isto é contigo. O que importa é que você tem que estar consciente de que, na verdade, salvando ou não o besouro, o único que poderá emitir um julgamento é você mesmo.

Desde que você possa dormir em paz com tuas ações e consciente dos resultados destas, faz o que tu queres. Há de ser tudo da lei (da ação e reação)!

É isto.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Política e a Educação

(ajudando uma amiga)
(façam de conta que eu também sou filósofo)
(publicado originalmente no blog Eu e um Outro Eu em 11/04/2010)


(enunciado)

Olá,

por gentileza.. se não estiver absurdamente ocupado, vc poderia escrever a sua opinião a respeito dessas 2 questões?


- De acordo com outras políticas sociais, a educação é influenciada pela opção política de um governo?

- E a execução de seu planejamento é decorrente dessa política?



(resposta)

A palavra "política" pode ser interpretada como a "ética da cidade (polis)" ou, melhor, a "ética de muitos". Mas como "acontece" a Política? Como ela é praticada?

A política "acontece" quando, por exemplo, direcionasse toda uma nação para um objetivo ou, em menor escala, quando direcionasse uma instituição; uma empresa, por exemplo.

Atualmente, é comum encontrarmos afixados em quadros visíveis ao público, qual é a política de uma determinada empresa ou escola. Isto denota transparência nas ações desta instituição além de buscar a afinidade dos clientes e direcionar as ações de seus colaboradores.

Sempre que falamos em direcionar, instruir ou indicar, estamos evocando a educação, isto é, a ação de educar.

Política é definir o bem comum, isto é, o que é bom para muitos (não necessariamente, para todos). Definir valores, prescrições e proscrições éticas como não agredir e não roubar, a maneira com que lidamos conosco mesmos e com os que nos cercam, quais as habilidades e padrões de comportamento que devem ser seguidos por um grupo de indivíduos é verdadeiramente "fazer política".

Mas como conseguir que este grupo de indivíduos e todos os que venham a integrarem-se a ele se enquadrem (ou adeqúem) (nota: é ADEQÚEM mesmo, com acento no U) aos valores definidos como ideais?

A Educação.

Todas as lideranças que visam manter-se e aos seus liderados, devem elaborar e implementar um plano de educação que possibilite a preservação dos valores éticos preconizados, assim como a inserção de novos valores e a preparação destes liderados para a realização de serviços, desenvolvimento de conceitos e técnicas e, consequentemente, o aprimoramento de todo o grupo envolvido.

É desta maneira, por exemplo, que o MEC define qual é a grade curricular básica e a maneira com que ela será apresentada e introduzida (didática) desde o jardim-de-infância (cujo conceito foi apresentado por escrito na "República" de Platão) e vai além da Universidade, afinal, os conhecimentos requisitados de um indivíduo que se disponha a ser atleta, policial, médico, sacerdote ou professor variam de grupo para grupo (país, estado, instituição) e de acordo com a política definida pela liderança deste grupo.

Ou seja, a Política não só influencia, mas DEFINE como será feita a educação da "polis".

Descentralização de Políticas Públicas e a Educação


 
(publicado originalmente no blog Eu e um Outro Eu em 26/06/2010)
(mais uma das minhas colaborações desinteressadas)
(imagem extraída do Piada Visual)


(enunciado)

Com relação a questão a centralização e descentralização, existe uma longa discussão defendendo cada um dos dois lados. No Brasil, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes ocuparam posições antagônicas quando da discussão dos projetos de lei para a criação de uma nova LDB (que substituiria a de 1961). Florestan Fernandes, defensor de um projeto de lei que tinha como fundamento a descentralização, veio a falecer antes da votação dos projetos. Darcy Ribeiro, por sua vez defendendo um projeto centralizador, conseguiu concretizar suas aspirações através do projeto que veio a se tornar a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação, também conhecida como LDB, LDBEN e ainda como Lei Darcy Ribeiro.

Posicione-se em relação à questão: a educação deve ser centralizada ou descentralizada? Na argumentação, exponha seus motivos.


(resposta)

Diferente do que costuma-se acreditar, a Democracia não foi concebida com a idéia de um governo em que todos os setores e cidadãos tivessem direito a opinar e, por conseqüência, fossem atendidos. Ela nasceu sob o ideal de um governo que represente a própria essência do povo governado.

É exatamente este o tipo de governo que temos no Brasil.

Não precisamos nos preocupar se os nossos governantes são socialistas ou capitalistas (neoliberalistas), afinal, as posturas destes, alinham-se perfeitamente à postura de seus governados.

Sem demagogia (ou hipocrisia), os valores éticos e morais de um governador ou de um deputado não são diferentes de qualquer um dos cidadãos que o elegeram, afinal, todos os que elegemos eram cidadãos comuns antes das eleições. Falo dos bons e dos maus governantes. Dos honestos e dos corruptos. Dos batalhadores e dos oportunitas.

Quando nos questionamos sobre quais das posturas (Descentralizada ou Centralizada) são as mais adequadas para as nossas políticas públicas de educação, estamos, na verdade, contrapondo a individualização dos valores (foco no indivíduo ou "cada um por si") e o pensamento coletivo (foco no social). No caso, devemos mudar o foco para a discussão "Gestão Individual das Escolas contra Gestão Social das Escolas".

Se hoje podemos nos dar ao luxo de discutir quais destes modelos são os "melhores" é porque nós temos ACESSO às escolas, afinal de contas, quem não tem este acesso, não quer saber se as escolas são gerida de forma centralida ou descentralizada. Ele apenas quer uma escola para estudar!

Discutir ou filosofar, sempre foi e ainda é coisa das elites, afinal de contas, alguém está trabalhando para que elas possam ter tempo para analisar e discutir os passos da sociedade.

Discutir um ideal é discutir algo que está no "mundo das idéias" e não está no "mundo real". Mais "prático" seria analisar os passos da sociedade e deixar as coisas se ajustarem naturalmente.

Poderia dissertar sobre as inúmeras vantagens de uma gestão centralizada onde eu apontaria como principal característica, a uniformidade (igualdade) entre todas as escolas, não importando se ele está localizada nos "Jardins", em São Paulo, ou se ela está no meio da Vila Siri, em Cubatão, mas estaríamos correndo o risco de ter o ensino público nivelado "por baixo".

Sendo realista, como EU (indivíduo) não quero que a universidade em que eu estudo ou as escolas em que minhas filhas estudam sejão tão mau geridas quanto uma das escolas públicas da Vila Siri, na prática, eu escolho o "cada um por si" e que as escolas em que eu ou minhas filhas estudem tenham os melhores recursos possíveis. Infelizes os que não podem escolher!

O que quero apontar é: não vai adiantar PENSAR SOCIALMENTE se continuarmos a AGIR INDIVIDUALMENTE.

A gestão educacional centralizada só pode ser benigna se a sociedade que a assumiu for uma sociedade de atitudes sociais, ao contrário desta cultura do "se a farinha é pouca, meu pirão primeiro!" que vem ganhando força a cada dia que passa.

Hoje, precisamos de uma "Reforma Cultural" e não de uma "Reforma Educacional". As políticas públicas para a Educação de nosso povo representarão exatamente a maneira como nós, cidadãos, tratamos uns aos outros, na prática.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Novas conclusões...

 (...e novas dúvidas!)

"Se os olhos não fossem solares, eles não veriam o Sol"
(Goethe)

Medo, ansiedade, necessidade de controle...

A busca por dinheiro, poder ou o acúmulo de bens não vêm de um mero sentimento inato de egoísmo (ou egotismo) que o ser humano carrega consigo como uma espécie de gene defeituoso.

Todas estas buscas (incluindo a busca por respostas) são tentativas errôneas de encontrarmos uma sensação de segurança em relação ao que nos cerca.

A ilusão de desconexão que costumamos vivenciar psicologicamente em nosso dia-a-dia, faz com que nos sintamos pequenos e indefesos em um Universo cujos limites são inalcançáveis, habitando um planeta que nos transporta como uma verdadeira e gigante nave espacial controlada por um piloto automático que fica dando voltas "no mesmo lugar", inseridos numa sociedade que parece nos cobrar atitudes e posições que, muitas das vezes, nos põem em conflito conosco mesmos.

Esta ilusão (maya) em que acreditamos tão piamente devesse à nossa ignorância (ou incultura como traduzido pelo Mestre DeRose) por não estarmos VIVENCIANDO o autoconhecimento obtido através da expansão da consciência que somente o Yôga proporciona. Tenho isto, comigo, como uma verdade.

Portanto, na minha condição de ignorante, pergunto-me:
  • Como é que eu posso saber disto se eu mesmo não tenho a sensação de ter a consciência assentada em um estado expandido?
  • Acredito que a mera EXPERIÊNCIA seja insuficiente para ocorram mudanças efetivas na vida de um indivíduo. Estas mudanças são resultados de uma VIVÊNCIA e não de um simples contato. Assim sendo, enquanto eu não vivencio um estado de consciência expandida, eu "sei" ou "acredito" que ele exista?
  • Se "tomar consciência" é assumir como verdade algo que já era verdadeiro... será que estou (ou estamos) em samádhi mas ainda não percebi?
Na verdade, não espero respostas externas para estas perguntas... só espero conseguir decidir-me a tempo e tirar minhas próprias conclusões...