segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Política e a Educação

(ajudando uma amiga)
(façam de conta que eu também sou filósofo)
(publicado originalmente no blog Eu e um Outro Eu em 11/04/2010)


(enunciado)

Olá,

por gentileza.. se não estiver absurdamente ocupado, vc poderia escrever a sua opinião a respeito dessas 2 questões?


- De acordo com outras políticas sociais, a educação é influenciada pela opção política de um governo?

- E a execução de seu planejamento é decorrente dessa política?



(resposta)

A palavra "política" pode ser interpretada como a "ética da cidade (polis)" ou, melhor, a "ética de muitos". Mas como "acontece" a Política? Como ela é praticada?

A política "acontece" quando, por exemplo, direcionasse toda uma nação para um objetivo ou, em menor escala, quando direcionasse uma instituição; uma empresa, por exemplo.

Atualmente, é comum encontrarmos afixados em quadros visíveis ao público, qual é a política de uma determinada empresa ou escola. Isto denota transparência nas ações desta instituição além de buscar a afinidade dos clientes e direcionar as ações de seus colaboradores.

Sempre que falamos em direcionar, instruir ou indicar, estamos evocando a educação, isto é, a ação de educar.

Política é definir o bem comum, isto é, o que é bom para muitos (não necessariamente, para todos). Definir valores, prescrições e proscrições éticas como não agredir e não roubar, a maneira com que lidamos conosco mesmos e com os que nos cercam, quais as habilidades e padrões de comportamento que devem ser seguidos por um grupo de indivíduos é verdadeiramente "fazer política".

Mas como conseguir que este grupo de indivíduos e todos os que venham a integrarem-se a ele se enquadrem (ou adeqúem) (nota: é ADEQÚEM mesmo, com acento no U) aos valores definidos como ideais?

A Educação.

Todas as lideranças que visam manter-se e aos seus liderados, devem elaborar e implementar um plano de educação que possibilite a preservação dos valores éticos preconizados, assim como a inserção de novos valores e a preparação destes liderados para a realização de serviços, desenvolvimento de conceitos e técnicas e, consequentemente, o aprimoramento de todo o grupo envolvido.

É desta maneira, por exemplo, que o MEC define qual é a grade curricular básica e a maneira com que ela será apresentada e introduzida (didática) desde o jardim-de-infância (cujo conceito foi apresentado por escrito na "República" de Platão) e vai além da Universidade, afinal, os conhecimentos requisitados de um indivíduo que se disponha a ser atleta, policial, médico, sacerdote ou professor variam de grupo para grupo (país, estado, instituição) e de acordo com a política definida pela liderança deste grupo.

Ou seja, a Política não só influencia, mas DEFINE como será feita a educação da "polis".

Descentralização de Políticas Públicas e a Educação


 
(publicado originalmente no blog Eu e um Outro Eu em 26/06/2010)
(mais uma das minhas colaborações desinteressadas)
(imagem extraída do Piada Visual)


(enunciado)

Com relação a questão a centralização e descentralização, existe uma longa discussão defendendo cada um dos dois lados. No Brasil, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes ocuparam posições antagônicas quando da discussão dos projetos de lei para a criação de uma nova LDB (que substituiria a de 1961). Florestan Fernandes, defensor de um projeto de lei que tinha como fundamento a descentralização, veio a falecer antes da votação dos projetos. Darcy Ribeiro, por sua vez defendendo um projeto centralizador, conseguiu concretizar suas aspirações através do projeto que veio a se tornar a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação, também conhecida como LDB, LDBEN e ainda como Lei Darcy Ribeiro.

Posicione-se em relação à questão: a educação deve ser centralizada ou descentralizada? Na argumentação, exponha seus motivos.


(resposta)

Diferente do que costuma-se acreditar, a Democracia não foi concebida com a idéia de um governo em que todos os setores e cidadãos tivessem direito a opinar e, por conseqüência, fossem atendidos. Ela nasceu sob o ideal de um governo que represente a própria essência do povo governado.

É exatamente este o tipo de governo que temos no Brasil.

Não precisamos nos preocupar se os nossos governantes são socialistas ou capitalistas (neoliberalistas), afinal, as posturas destes, alinham-se perfeitamente à postura de seus governados.

Sem demagogia (ou hipocrisia), os valores éticos e morais de um governador ou de um deputado não são diferentes de qualquer um dos cidadãos que o elegeram, afinal, todos os que elegemos eram cidadãos comuns antes das eleições. Falo dos bons e dos maus governantes. Dos honestos e dos corruptos. Dos batalhadores e dos oportunitas.

Quando nos questionamos sobre quais das posturas (Descentralizada ou Centralizada) são as mais adequadas para as nossas políticas públicas de educação, estamos, na verdade, contrapondo a individualização dos valores (foco no indivíduo ou "cada um por si") e o pensamento coletivo (foco no social). No caso, devemos mudar o foco para a discussão "Gestão Individual das Escolas contra Gestão Social das Escolas".

Se hoje podemos nos dar ao luxo de discutir quais destes modelos são os "melhores" é porque nós temos ACESSO às escolas, afinal de contas, quem não tem este acesso, não quer saber se as escolas são gerida de forma centralida ou descentralizada. Ele apenas quer uma escola para estudar!

Discutir ou filosofar, sempre foi e ainda é coisa das elites, afinal de contas, alguém está trabalhando para que elas possam ter tempo para analisar e discutir os passos da sociedade.

Discutir um ideal é discutir algo que está no "mundo das idéias" e não está no "mundo real". Mais "prático" seria analisar os passos da sociedade e deixar as coisas se ajustarem naturalmente.

Poderia dissertar sobre as inúmeras vantagens de uma gestão centralizada onde eu apontaria como principal característica, a uniformidade (igualdade) entre todas as escolas, não importando se ele está localizada nos "Jardins", em São Paulo, ou se ela está no meio da Vila Siri, em Cubatão, mas estaríamos correndo o risco de ter o ensino público nivelado "por baixo".

Sendo realista, como EU (indivíduo) não quero que a universidade em que eu estudo ou as escolas em que minhas filhas estudam sejão tão mau geridas quanto uma das escolas públicas da Vila Siri, na prática, eu escolho o "cada um por si" e que as escolas em que eu ou minhas filhas estudem tenham os melhores recursos possíveis. Infelizes os que não podem escolher!

O que quero apontar é: não vai adiantar PENSAR SOCIALMENTE se continuarmos a AGIR INDIVIDUALMENTE.

A gestão educacional centralizada só pode ser benigna se a sociedade que a assumiu for uma sociedade de atitudes sociais, ao contrário desta cultura do "se a farinha é pouca, meu pirão primeiro!" que vem ganhando força a cada dia que passa.

Hoje, precisamos de uma "Reforma Cultural" e não de uma "Reforma Educacional". As políticas públicas para a Educação de nosso povo representarão exatamente a maneira como nós, cidadãos, tratamos uns aos outros, na prática.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Novas conclusões...

 (...e novas dúvidas!)

"Se os olhos não fossem solares, eles não veriam o Sol"
(Goethe)

Medo, ansiedade, necessidade de controle...

A busca por dinheiro, poder ou o acúmulo de bens não vêm de um mero sentimento inato de egoísmo (ou egotismo) que o ser humano carrega consigo como uma espécie de gene defeituoso.

Todas estas buscas (incluindo a busca por respostas) são tentativas errôneas de encontrarmos uma sensação de segurança em relação ao que nos cerca.

A ilusão de desconexão que costumamos vivenciar psicologicamente em nosso dia-a-dia, faz com que nos sintamos pequenos e indefesos em um Universo cujos limites são inalcançáveis, habitando um planeta que nos transporta como uma verdadeira e gigante nave espacial controlada por um piloto automático que fica dando voltas "no mesmo lugar", inseridos numa sociedade que parece nos cobrar atitudes e posições que, muitas das vezes, nos põem em conflito conosco mesmos.

Esta ilusão (maya) em que acreditamos tão piamente devesse à nossa ignorância (ou incultura como traduzido pelo Mestre DeRose) por não estarmos VIVENCIANDO o autoconhecimento obtido através da expansão da consciência que somente o Yôga proporciona. Tenho isto, comigo, como uma verdade.

Portanto, na minha condição de ignorante, pergunto-me:
  • Como é que eu posso saber disto se eu mesmo não tenho a sensação de ter a consciência assentada em um estado expandido?
  • Acredito que a mera EXPERIÊNCIA seja insuficiente para ocorram mudanças efetivas na vida de um indivíduo. Estas mudanças são resultados de uma VIVÊNCIA e não de um simples contato. Assim sendo, enquanto eu não vivencio um estado de consciência expandida, eu "sei" ou "acredito" que ele exista?
  • Se "tomar consciência" é assumir como verdade algo que já era verdadeiro... será que estou (ou estamos) em samádhi mas ainda não percebi?
Na verdade, não espero respostas externas para estas perguntas... só espero conseguir decidir-me a tempo e tirar minhas próprias conclusões...