sábado, 14 de janeiro de 2012

Outro Eu: Alienação (por Luis Henrique)

Vemos cotidianamente as noticias de abuso de autoridade, de violência policial, da marginalização dos mais pobres e de como essa repressão por parte dos governos cresce dia após dia...mas me impressiona profundamente, ver que muitas pessoas que eu conheço, são a favor dessa violência e possuem as opiniões mais retrogradas e de senso comum possíveis...reproduzem como papagaios as velhas histórias de que o pessoal que trata dos direitos humanos tem um discursinho de esquerda, que não solucionam nada, que são pessoas intelectuais, playboys academicos e todo esse blablablá...mas o que vejo,é que a maioria dessas pessoas que criticam, apontam erros, que são a favor da policia, que defendem o uso de armas, a lei e ordem,são na verdade pessoas BURRAS, VAGABUNDAS ( leia vagabundas,em todos os sentindos, pq não lêem,apenas assistem o Jornal Nacional) reproduzem os conceitos de seus avós, são ALIENADAS e não saem de casa para nada...conhecem a realidade ali,pela telinha medíocre de seu computador ou tv,e formam fácil sua opinião preconceituosa de tudo.Sabe o que eu digo?Entre e acompanhe os movimentos sociais,as pessoas que escrevem e vivenciam a situação de cada ocupação,invasão,as pessoas serias que estão lá e vcs acusam de pseudo esquerdistas.Levantem a PORRA do rabo de vcs e vejam a realidade como ela é...cada familiar agredido pela PM, cada pessoa pobre e sem condições, vitimas de um vicio químico sendo agredidas por eles, estudantes sendo ameaçados,questione toda essa porcaria que assiste,a droga da Veja ou Època,questione-se sobre os interesses do capital em cada ação truculenta que andam acontecendo.Apenas usando um pouco da psicologia, antes de chegar a uma conclusão "obvia" sobre aquilo que está lhe sendo mostrado vale a Teoria Gestaltica:De acordo com a teoria gestáltica, não se pode ter conhecimento do "todo" por meio de suas partes, pois o todo é maior que a soma de suas partes: "(...) "A+B" não é simplesmente "(A+B)", mas sim um terceiro elemento "C", que possui características próprias".[3]

Sinto uma tristeza enorme pelo "emburrecimento" das pessoas, de alguma forma,também vitimas de anos de manobras da mídia marrom, da tradição reacionária fascista herdada de nossa ditadura até os dias de hoje, que destruiu nossa auto-estima,tirando nossa confiança de lutar por nossos direitos,e amansou e tornou apática nossa população, que aprendeu a aceitar tudo com normalidade e repetir de que para nada em nosso país a solução.Para explicar bem isso usaria alguns termos psicanalíticos 1-As pessoas agem sempre desamparadas,querendo serem amadas pelo pai (estado) e se tornarem igual a ele 2- projeta-se tudo aquilo que é do individuo no outro, que o incomoda, como maneira de justificar aquilo que ele não faz "Esse pessoalzinho que vai na cracolândia,passar a cabeça daqueles vagabundos não vai mudar nada" na verdade quer dizer "sou um estupido,que não levanto meu rabo para nada, para mim é mais fácil criticar,ja que eu nem saberia o que fazer 3- Racionalização: encontrar QUALQUER justificativa,mesmo sem embasamento para concluir seu argumento chulo.É mais fácil apontar um erro do que uma solução, criticar os defeitos, pq uma solução leva tempo...se alcança por erros e acertos,assim ela se controle...necessita otimismo,vontade,coragem...e sabemos que isso não são virtudes de qualquer um.Então, para os críticos de sempre,saibam que lutamos não só contra a Policia, o Estado e suas instituições...vcs também são nossos inimigos, vcs envenenam as idéias com seu ceticismo,com sua descrença,mas mais que tudo, com sua ignorância...leiam,duvidem da mídia vigente, mas façam uma coisa muito importante:LEVANTEM SEUS RABOS e saiam de casa, procurem sair da sua zona de conforto para conhecer um pouco mais da realidade que os cerca, conheçam as comunidades mais carentes,escutem o que eles tem a dizer.Dispam-se dos velhos conceitos de sempre e critiquem sim, mas com bases naquilo que é experienciado.Chega de verborragia, pensem em novas soluções, novos meios de conter os problemas.Entender a violência é entender que ela é praticada todos os dias com o desemprego e fome,que violência é falta de acesso a escola, a saúde, que violência é também não ter onde morar, que ela está em muitos lugares e que todos somos suas vitimas.Entender isso é entender que alguns são marginalizados e nunca terão chances de igualdade.Alguns não possuem ninguém para reivindicar seus direitos.Então antes de fazer um comentariozinho brincalhão e estupido (desculpe,mas sei que isso serve para alguns amigos) de banalizar isso que escrevi,ou de me acusar de utópico,romancista,vagabundo,maconheiro,viado (esse eu ouço direto) poetinha do face (é foda,só pq eu curto por algo que presta e não um monte de post babaca ou exibicionista) chatão e coisa do tipo,peço uma reflexão...(se é que algum desses que eu me referi conseguiu ler isso até aqui.Pense antes de fazer uma crítica, pense antes de reproduzir um conceito.Tenho a sorte de poder trabalhar com a população mais carente,de poder ter acesso a suas problemáticas. Faço parte deles e eles me tornam cada dia mais humano...essas pessoas me dão uma lição de fé, de esperança...e não sei de onde eles trazem tanta força.


Escrevi isso pensando nessas pessoas, as pessoas do acampamento do Pinheirinho,os moradores de rua que vivem na "Crackolandia" e também cada usuario do serviço do CRAS de Diadema ao qual trabalho, que me mostram dia após dia cada cicatriz da violência da miséria,da vida dificil.Que as pessoas tentem serem mais sensatas antes de julgar...é dificil julgar alguém,é dificil entender as causas de um problema.Mas para terminar gostaria de mais uma vez citar as palavras sabias do Almir Klink:

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Abraços e obrigado para quem se dispôs a ler essas palavras.

Luis Henrique

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